quinta-feira, 24 de julho de 2008

A beleza de ser um eterno aprendiz...


Aviso prévio: Isto é um desabafo e deve ser considerado como tal em relação a suas contradições e redundâncias.
Estou tentando escrever isto há dias. Um texto no qual eu consiga justificar e enumerar, numa lista de prós e contras, todos os motivos pelos quais estou deixando o curso de História da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Não consigo fazê-lo.
Não sou capaz de listar meus motivos pois eles não estão diferenciados em "isso é bom e isso é ruim". Estão todos de uma forma tão intensa e tristemente ligados que não consigo pensá-los separadamente, posso apenas tentar verbalizar e mostrar a grande massa de intolerância, desprazer e conformismo em que eles estavam transformando minha vida.
Nos últimos tempos me vi absolutamente estagnada e perdida num ir e vir da Zona Leste ao Butantã no qual não enxergava propósito algum. E era isso que eu via, um ir e vir momentâneo, se repetindo dia a dia que eu sempre soube, não me levaria a lugar algum.
Por maior que tenha sido o número de vezes em que eu falei "mas eu gosto do curso", "mas sei lá, talvez eu queira dar aula", "mas eu quero fazer isso", essas frases nunca me saíram da boca com um ar totalmente sincero. Se tentava convencer alguém de que aquilo era o melhor pra mim, tentava convencer-me junto, e não sei qual de nós acreditou menos nessas palavras.
O desinteresse gerou maus resultados que obviamente geraram maior desinteresse. Quando me dei conta tinha criado uma bagunça sem tamanho na minha graduação que era o ridículo retrato do que eu tinha deixado que acontecesse com a minha mente. Um amontoado de coisas mal feitas ou não feitas. Um amontoado de mediocridade, de atos automáticos, de obrigações com o que os outros achariam, de medidas escapistas que me fizessem esquecer que naquele ambiente intelectual eu não conseguia me encaixar. Em momento algum desconfiei ou desconfio da minha capacidade intelectual e não permito que alguém o faça. Só tive e tenho certeza de que ela não estava sendo aplicada da maneira mais correta para aquilo que eu chamo e busco "viver bem".
Eu sei que minhas razões são essencialmente de cunho passional (e sei que essa frase é absolutamente paradoxal!), mas na minha concepção, um ser humano não é capaz de fazer algo bem feito se não estiver entregue e comprometido. Um ser humano não pode fazer algo se aquilo não o reflete de alguma forma. Não se pode existir sem paixão pela vida, sem paixão pelo que se é.
Eu tenho paixão pelo conhecimento. eu tenho paixão pelo que o homem pode fazer com o conhecimento, Tenho paixão pelo processo de conhecer as coisas e tenho paixão pelo que nos tornamos e construímos em nós mesmos, individualmente, conforme conhecemos os diversos aspectos do mundo. Acreditei que no curso de História conseguiria encontrar e refletir essa minha paixão. E não foi em seus academicismos que encontrei toda essa essência que amo. Acho que eu vi o curso mais como um guia prático do que como qualquer outra coisa.
Eu precisava dessa desconstrução. Eu precisa dessa desmistificação, eu precisava desse estalar de olhos e eu o tive logo no primeiro semestre, mas o conforto de continuar na melhor Universidade do País, ao lado dos meus amigos, sendo a menina dos olhos daqueles que pouco sabiam sobre o marasmo e a frustração na qual eu estava afundada foram me deixando lá, só, com as minhas ilusões, assim como já haviam me deixado tantas outras vezes.
Confesso que não sei de que forma vou expressar minha paixão daqui pra frente. Confesso que não sei pra onde caminhar, e que tenho medo de cometer os mesmos erros. Entretanto, não deixarei que minhas duvidas e medos me prendam.
Estou aqui agora meus senhores, para meter as caras, descobrir quem sou, me fazer valer, me reconstruir. Há os que digam que é um pouco tarde para recomeços. Há os que queiram me proteger, e como eu queria me deixar proteger por eles! Mas não há opção, A não ser descobrir quem sou eu. E usar minhas próprias pernas desta vez para descobrir o que realmente me importa o que realmente me torna quem sou, e não o que eu deveria ser.
Estou me entregando aos meus planos e aos meus desejos dessa vez. Estou traçando meus planos e meus desejos dessa vez, e embora tudo pareça tão ilógico, posso afirmar: eu realmente sei o que estou fazendo.
Sou isso meus amigos. Sou um eterno, enquanto dure, processo de busca e construção. Sou um eterno "ser" e "querer ser" que precisa achar o ponto entre agir, planejar e sonhar. Sou um humano com "n" pontos falhos mas consciente e capaz mudar quando preciso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Coragem, minha amiga querida, vc teve muita coragem. No mínimo admirável. A usp é um mundinho tão confortável. Eu, como uma das pessoas que quer que vc realmente se dê bem e seja feliz, te dou todo apoio, e pra qualquer ajuda em qualquer aspecto vc sabe que pode contar comigo!

Um beijo.

Anônimo disse...

hmm que pena que você não vai mais fazer o curso de História... não vai mais ser a professora de nosso filhos... =P

Bom, bem vinda ao clube!